quarta-feira, 2 de julho de 2008

Existe ou não uma hierarquia urbana em Moçambique?

Para falar da existência ou não de uma hierarquia urbana quer em Moçambique quer em outro local é de referir que não pode ser feita sem antes nos remetermos a uma percepção do conceito, que se encontra baseado na noção de um conjunto integrado de cidades que estabelecem relações económicas, sociais e políticas entre si, onde as económicas encontram-se no aus da existência da rede ou hierarquia, logo, se remete a uma ideia de que cada centro urbano exerce uma influencia num outro independentemente do seu tamanho, ou duma rede que quando cortada numa das extermenidades ou na área central, decepará a sua conexão.
Entretanto, falar de uma hierarquia urbana em Moçambique é de referir que não pode ser feita sem antes nos remetermos a uma perspectiva histórica no que concerne ao surgimento das cidades Moçambicanas se não dos ditos espaços urbanos em Moçambique, onde elas são o resultado de uma implantação estranha que provinha de um local também estranho ao ambiente local, produzindo, deste modo, formas de organização espacial que pouco ou nada tinham ver com este ambiente. Se não vejamos, a concentração de actividades económicas foi decidida e imposta em função de interesses exteriores (coloniais), isto é, não foram factores que permitissem a localização do situ urbano, isto é, actividades exercidas pelo grupo, (Moçambicanos) eram factores que se ligavam às necessidades do poder colonial, como sejam o de controle militar e/ou administrativo e a exportação de matérias primas, geralmente provenientes do interior, não era uma hierarquia urbana. Este aspecto levou ao surgimento de cidades mineiras e cidades portuárias que tinham como objectivo especifica abastecer a metrópole. No entanto, com a independência alcançada viu-se uma desconexão destas cidades em aspectos económicos, segundo o conceito de hierarquia acima exposto, alem de que tal conexão nunca tinha existido. Um exemplo gigante desta situação é que certas cidades como Pemba, Inhambane, Tete, só para exemplificar pouco ou nada se influenciam entre elas, e estas com as restantes do país, deixando deste modo de ser uma hierarquia urbana, sendo a hierarquia existente ao nível de funções de serviços administrativos, de infra-estruturas, e de áreas de influencia em relação a uma determinada cidade aos distritos e esses entre as localidades, não é um espaço urbano continuo; Com tudo isto aqui exposto, o espaço urbano de Moçambique leva a que seja caracterizado por um fenómeno de macrocefalia (onde se verifica uma a deter todas as funções, geralmente as cidades capitais). Exemplo da cidade de Maputo que concentra segundo Araújo, cerca de 30% da população urbana do pais assim como nela se concentram todos os serviços exteriores, o que vai traduzir-se numa abertura em relação ao mundo nacional e internacional, isto é, ela é uma cidade multifuncional. Este aspecto, faz com que se por um lado, se as migrações sejam por ai explicadas que poderão ser respondidas com dizencentivos em relação a esse espaço que se encontra estagnado no tempo, por outro, para mim acho mais grave ainda ao chamar-se urbano essas áreas. É de referir que o que a gente chama de urbano ou centro urbano em Moçambique apresenta uma perspectiva diferente em relação centros do Ocidente ou EUA, que se verifica um grande desenvolvimento das áreas suburbanas, chegando a ligar cidades, dependendo entre si uma da outra, hierarquia urbana, já no caso das cidades Africanas e onde Moçambique não foge a regra se verifica o contrário. Entretanto, isso levará a certos questionamentos:
Será que devemos chamar a isso de hierarquia urbana a moda Africana? Se sim, a que se voltar a uma redefinição do conceito de hierarquia urbana para melhor integramos não só esses espaços urbanos. Mas antes, teremos que redefinir o conceito de urbano, uma vez que parece ser um conceito que não define a nossa realidade, em termos de espaço construído.

Tercio Dambanguine (Umbilo)