quarta-feira, 18 de junho de 2008

Distrito como pólo de desenvolvimento: Um desenvolvimento sem pólo

A preocupação com o desenvolvimento de regiões leva a adopção de teorias de desenvolvimento cuja implementação não tem ressalvado o contexto espacial.

A teoria de pólo já em si dilacerada pelo uso descuidado do termo e devido às suas exigências, mostra-se pouco prática para países como o nosso, se não vejamos: a noção de pólo remete-nos a uma actividade motriz industrial ou não mas que faça uso dos recursos da região, à prior praticável; remete-nos ainda a uma estrutura comercial e financeira nacional que impossibilite a exportação dos lucros em detrimento de investimentos em outras áreas, este item põe a descoberta uma das principais dificuldades do nosso país que é a falta de fundos, ou seja, a maior parte do investimento é estrangeiro; por fim a ideia de pólo remete-nos ao uso de tecnologias, aspecto que denota mais ainda a nossa incapacidade. Esta comparação breve vem levantar o seguinte trecho de M. Santos em Economia Espacial: críticas e alternativas, ”A aplicação da teoria de pólos...levanta a questão se o espaço pode ser descrito indiscriminadamente nos países desenvolvidos e subdesenvolvidos”.

O crescimento que os distritos moçambicanos vão tendo não é fruto do “Distrito como pólo de desenvolvimento”, mas sim de investimentos governamentais em infra-estruturas que possam servir de íman ao investimento. Alias, o investimento em infra-estruturas como de transporte e comunicação se não integralmente planificado pode constituir-se num veio de escoamento de matéria-prima e posterior imigrações levando a redução do desenvolvimento dos distritos.

Apesar de existir um fluxo comercial agrícola considerável, persiste a dificuldade em levar empresas bancárias aos distritos o que mostra a inexistência de actividades motrizes ou não, mas que justifiquem a sua implantação.

O não aproveitamento deste potencial agrícola como plataforma para se criar uma actividade motriz que possa atrair uma cadeia de serviços e actividades de base, mostra a subvalorização das ideias de Perroux apresentadas em revisão por Coragio, 1975 em detrimento da popularização do termo.

Um crescimento sem pólo

A instalação dum pólo exige infra-estruturas modernas, formação da mão-de-obra local e potencialização de empresários nacionais. Em relação a isto a que colocar algumas indagações:

  • será possível alcançar tal feito a médio prazo para 128 distritos;
  • é prática a teoria de pólos de crescimento para o nosso país;
  • porquê não assumir abertamente um crescimento sem pólo porque é o que está sendo implementado.

Um crescimento sem pólo é o que valoriza as pequenas actividades económicas e industriais, actividades essas que caracterizam não só a forma de reprodução social das nossas comunidades mas acima de tudo constituem a estrutura económica local. É um crescimento que se crê poder satisfazer as necessidades básicas da população local e estimular a sua economia.

Os rendimentos alcançados com base no garimpo, ou em actividades algumas desenvolvidas em associações ou por membros duma família são exemplo duma actividade que constitua um crescimento sem pólo, que no final das contas, constitui o propelado auto-emprgo ou pequenos e médios negócios.



Maurício Sitoe (Nlhomuluana)

2 comentários:

Anónimo disse...

parabens pra o quarteto de geografos!mta força pra voxes que iniciativas criativas dessas sao de louvar!
nao parem por aqui e tratem de surpriender-nos sempre!
e podem deixar que daqui ja nao saio!

Anónimo disse...

Agradecer a todos louvores a iniciativa, e”… visitem sempre que possível.”
Interagindo com o anónimo de 20 de Junho de 2008 0:15: de facto a participação comunitária é basilar para o alcance do desenvolvimento, não só porque o desenvolvimento é para comunidade, mas porque ela deve ser activa na produção do desenvolvimento.
Nesta coisa de participacao alguns,em Mocambique, podem se refugiar na Delimitação de Terras da Comunidade, mas esta apenas tem importância relativa, pois não dá à comunidade aquilo que alguns autores chamam de inteligência comunitária, ou seja, a capacidade da comunidade fazer exploração efectiva dos seus recursos. Isto permitiria a defesa não só dos interesses culturais mas teriam uma visão do amanhã.
A quem pode chamar isto de Desenvolvimento Local, não há problema, as coisas têm nome e devem ser chamadas com os seus nomes, e não pólo no lugar de .....